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A violência contra mulheres

Li recentemente um artigo do site Gospel Mais que me deixou atônito. Nesta notícia, uma pesquisa feita pela Universidade Presbiteriana Mackenzie demonstrou que quase 40% das mulheres que se declaram vítimas de agressões físicas e verbais são evangélicas.

Dois fatos me chamam a atenção nesta pesquisa:

Primeiro porque não somos 40% da população, e portanto, se esta pesquisa tem validade científica, significa dizer que as mulheres evangélicas seriam mais agredidas do que as não evangélicas.
O segundo fato tem a ver com a conclusão da pesquisa: muitas vítimas se dizem coagidas por seus líderes religiosos a não denunciarem seus maridos, já que tais atos de violência são entendidos como investidas do demônio em áreas de fraqueza psicológica dos mesmos, e como consequência, eles deveriam ser tratados com misericórdia.

A violência contra a mulher é um ato desumano. Usar da superioridade física para agredir, intimidar e humilhar qualquer ser humano é extremamente deplorável! As evidências mostram que homens que agridem só serão coibidos se forem denunciados. Não há melhor maneira de prevenção e proteção da mulher do que a denúncia.

A igreja tem o importante papel de se posicionar contra todo tipo de injustiça. Seja ensinando, seja se posicionando; seja por meio da influência ou de ações mais incisivas, como ajudar a mulher agredida a denunciar.

Agressores hoje podem se tornar os assassinos de amanhã. A igreja precisa se posicionar mais em favor destas mulheres que sofrem silenciosamente. Discutir sobre o assunto, mencionar o fato em pregações, fazer simpósios sobre o tema, sugerir que as mesmas revelem a sua realidade é o mínimo que podemos fazer. A impunidade é um grande incentivo ao crime. Maridos que se sentem protegidos pela passividade de sua comunidade se sentem encorajados a repetirem seus atos, que podem se tornar cada vez mais violentos.

Isso não quer dizer que não devemos considerar esse problema como algo espiritual. É óbvio que a origem de toda violência é espiritual e maligna. Entretanto, somente orar não irá proteger a mulher dessa prática. Precisamos nos posicionar.

Se você é alguém que conhece alguma mulher vítima de violência, incentive-a a procurar a Delegacia da Mulher e tomar as devidas providências. Se você é um pastor ou líder espiritual, faça do seu púlpito um importante fórum para ensinar e influenciar a sua comunidade nesse assunto.

Sobretudo, se você é um agressor, se arrependa perante Deus, e comece a tratar a sua esposa com o amor e honra que ela merece.

A Palavra de Deus nos ensina que devemos defender sempre os que estão em posição de necessidade, dentre os quais, incluo todas as mulheres que são vítimas de violência por aqueles que deveriam amá-las e protegê-las.

Por Lamartine Posella

Pai nosso que estás nos céus
Deus está zangado comigo?

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