No livro “A Cadeira de Prata”, C.S.Lewis conta que Puddleglum, Jill e Eustace são capturados e levados para o submundo escuro, onde uma bruxa que dizia ser a rainha daquele lugar afirmava que todas as experiências que eles tinham tido não eram mais do que meras lembranças e fruto da imaginação fértil de suas mentes infantis.

Quando os meninos falavam sobre a existência do sol, da lua, de campos verdejantes e do rei Aslam, ela retrucava fazendo perguntas que os confundia. Dizia: “Como é o sol?”. Ao olharem para o lado, não encontravam nada que lhes pudesse servir de referência para explicar a excelência do sol. Diante da sua incapacidade de responder, ela afirmava que o sol era somente uma projeção superdimensionada das lâmpadas apagadas do seu reino. Sorria condescendentemente, fingindo acreditar que aquilo era somente brincadeira de criança, e que o mundo exterior era uma grande projeção do submundo onde estavam.

Quando os meninos contavam sobre o Rei Aslam, o grande leão que reinava sobre Nárnia, ela afirmava que eles haviam visto um gato e que, como é comum nas crianças, eles estavam exagerando. A partir desse feitiço, as crianças começaram a titubear na sua fé. Acontece que a bruxa odiava ao Rei Aslam, e com o objetivo de destruir Nárnia, tentava enganar a todos os que eram capturados, fazendo-os crer que a sua convicção era somente parte da imaginação.
Quanto mais tempo passavam sem poder ver o mundo real, mais se esqueciam de onde haviam vindo, e acreditavam nas suas mentiras.

Finalmente, quando parecia que ela seria vitoriosa, Puddleglum quebra o feitiço e diz: “Tudo bem, suponhamos que tudo isso que eu me lembro seja somente um sonho ou seja fruto da minha imaginação. Se o sol, a lua, as estrelas, a relva verde e Aslam são fruto da minha imaginação, então isso quer dizer que a imaginação é mais importante do que a realidade”.

Se quatro crianças são capazes de imaginar um mundo muito mais lindo do que o seu mundo, então é o seu mundo que é uma mentira. No fim da história, Aslam derrota a feiticeira, e todos os seus escravos são libertos e transportados novamente para Nárnia, onde o rei Aslam governava com justiça e paz.

Hoje, quando até mesmo os cristãos parecem ter a mente embotada pelas mentiras do naturalismo e do materialismo, se esquecem a cada dia que esse mundo em que vivemos não é tudo o que nos resta. O Rei Jesus quer libertar as mentes de todos que estão escravizados pelas mentiras, que tem por objetivo nos demover da mais linda convicção de que Deus tem preparado um lugar maravilhoso para aqueles que nele creem.

Não, o céu não é produto do pensamento terreno, como o sol não é uma hipérbole de uma lâmpada do mundo escuro. Ao contrário, a Terra é que é a extensão do céu; criada a partir da vontade do nosso Criador, e Rei.
Algumas vezes, nós somos como os personagens do C.S.Lewis, e sucumbimos diante das afirmações do naturalismo, acreditando que somente o que podemos ver é real.

O naturalista diz: “Deus não pode ser real, porque não podemos vê-lo”. Quando somos influenciados por esse pensamento, precisamos reconhecer a nossa cegueira. O cego precisa crer pela fé que há estrelas, ainda que não as possa ver.
Precisamos resistir ao feitiço do naturalismo, e crer no que as Escrituras nos contam sobre o céu. O que mais me consola é saber que um dia todos nós seremos finalmente livres da cegueira que nos domina, porque O veremos como Ele é. Deixaremos de ver como um espelho, e o veremos face a face.

Exultem, alegrem-se! O céu é real!

Por Lamartine Posella